BATO CABEÇA PORQUE ACREDITO

Porquê, pra quê e como?

 

Antes da abertura dos trabalhos religiosos, os médiuns devem bater cabeça para os Orixás perante o Congá.

Para isso, o médium deve posicionar-se de bruços e deitado em frente ao Congá, com as mãos no mesmo nível que a cabeça. Nesse momento, o ato de bater cabeça representa um ato de humildade, obediência e resignação aos preceitos religiosos da Umbanda.
Deve-se, em uma rápida prece mental, pedir a licença para trabalhar "neste chão" e pedir auxílio a Deus, aos Orixás e aos Guias espirituais, para um melhor desempenho de nossas funções mediúnicas, recebendo o axé dos Orixás donos deste Templo Sagrado.
Há outras circunstâncias em que se realiza o ato de bater cabeça. No momento de incorporação de um guia, um médium deve bater cabeça para a entidade, saudando-a e pedindo sua bênção.
Há momentos em que se bate cabeça para o Pai/Mãe de Santo em sinal de respeito (vale observar que o respeito ao seu "Pai ou Mãe de Santo" é fundamental e definitivo no caminho da espiritualidade, pois ele é o condutor de sua vida espiritual e religiosa).
Nossa religião é ritualística, então se no inicio batemos a cabeça para pedir licença, proteção e bons trabalhos, no final batemos a cabeça agradecendo pelos trabalhos e pedindo a proteção até a próxima gira.
Todos nós umbandistas "batemos a cabeça" em frente ao altar logo que chegamos ao terreiro, não é mesmo?

Pois bem, será que já paramos para pensar na grandeza desse ato Sagrado?

Nós, umbandistas, herdamos dos povos africanos a representação do solo como a morada dos antepassados. Para eles, os orixás são antepassados divinizados, ou seja, pessoas e anciões que imergiram na terra e se tornaram Orixás, portanto, para cultura africana o Sagrado está na terra e não no céu como prega a cultura européia. Além disso, sabemos que em determinado momento da vida escravocrata, os negros enterraram os otás e os elementos simbólicos de seus orixás para que não fossem descobertos pelos senhores das fazendas, os quais tentavam de todas as maneiras destruir e descaracterizar a cultura, a crença e as relações humanas desse povo. Com esse saber, fica fácil compreender que quando "batemos cabeça" estamos entrando em contato com esses ancestrais e antepassados, consequentemente, com todo o conhecimento e a sabedoria que esse passado guarda.

Não podemos deixar de lado também, o poder transformador do elemento terra, portanto, ao bater cabeça com os pensamentos firmados na ação e nas forças divinas, naturalmente conseguimos descarregar todos os pensamentos negativos e atuações negativas, que por ventura esteja envolvendo nosso mental. Melhor ainda acontece quando temos a oportunidade de deitar no chão ao bater cabeça, nessa ocasião, a descarga acontece também no sentido emocional e em todos os nossos chacras, afinal eles também entram em contato com a terra.
E vale ressaltar:
Quando batemos o lado direito, entregamos nossa coroa para as Entidades Espirituais da Direita, quando batemos o lado esquerdo, a entrega é para as Entidades Espirituais da Esquerda, já a testa representa entrega total, a entrega de nossa coroa a todas as forças assentadas e representadas no altar. É nesse momento que essas Entidades, de forma muito pontual, sutil e grandiosa, cruzam nossas costas firmando-nos e protegendo-nos de qualquer mal, dando toda a sustentação para os trabalhos espirituais.
Também sabemos que em muitos terreiros são usados outros elementos para que esse ritual aconteça com supremacia, a exemplo, posso falar da Toalha, que representa, entre tantas outras coisas, a proteção de Oxalá e dos três Orixás que habitam a cabeça do Médium. Outras vezes o pai de santo risca um ponto para que o ritual aconteça com uma específica ação magística realizadora e religiosa. Há também aqueles que firmam a corrente com um canto representativo e emocionante, estimulando o lado emocional e vibracional da corrente.

Nossa, me arrepio só em pensar!


Não tem como negar, a Umbanda é um encanto, está cheia de fundamentos, significados, tradição e axé. 

Saravá Umbanda!